OS MAL AMADOS
Ela, então acordou de uma noite mal dormida.
Sentia que o rancor do dia anterior ainda não havia se curado.
Lembrou com tristeza, da dor que sentiu quando ouviu aquelas palavras.
O tempo de uma noite não curou aquela mágoa, mas ela sabia que não fora só uma vez que escutou atrocidades.
Ela se lembrou de inúmeras vezes que se sentiu marginalizada pelas palavras de seres humanos incompreensíveis, mal amados, sem o mínimo de empatia.
Problemas todos temos, mas atribuir aos outros, as nossas mazelas é falta de capacidade de administrar os próprios sentimentos.
Ela pegou sua dor, reservou um cantinho só pra ela e a deixou ali, sangrando. Ela acredita que um dia, o tempo será o melhor remédio.
Aproveitou o momento e chorou.
Cada pingo de lágrima, cada piscadela do seu olhar, cada murmúrio de sua boca, seria o suficiente para resolver esse momento.
''Como dói'', ela pensou.
Querer fazer o bem à alguém é tão mágico, tão gratificante e ser obrigada a não fazê-lo é simplesmente inaceitável, porém ela não é dona da ação do outro. Ela é dona das próprias ações e todos os momentos que ela precisou se mostrar forte em relação a dores e dessabores, ela se isolava, saia de perto e tentava resolver assim, sem insistir, saindo de cena.
Qual o objetivo das ações dos outros em relação a ela?
Seria uma mulher tão desprezível assim? Seria fraca, incapaz?
Ultimamente ela pensava em se afastar mesmo de pessoas amargas e desumanas.
Resolveu que iria apenas fazer o bem a quem merece, incognitamente sem ninguém perceber.
Iria agir conforme sua consciência e escondida dos mal amados...
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