AQUELES HOMENS DO BAR.
Nunca gostei de ver homens na porta dos botecos.
Passei a infância toda ouvindo minha minha mãe criticar aqueles que ficavam tomando uma pinguinha.
Ela xingava, ela se aborrecia, ela ficava nervosa, quando tinha que ir no bar do Chico à tardezinha e não conseguia entrar para comprar ovos, leite, etc, que ficava nos fundos, pois os homens eram tantos que entupiam a entrada.
Ela voltava muito irritada dizendo que aquele tipo de homem nunca deveria ser casado, e que se fosse, a mulher deveria dar uma ''surra'', pois era horário de homem casado estar em casa e não na porta do bar.
Enfim, eu cresci e me casei com um sujeito que não bebia nem cerveja e isto me fazia orgulhar.
Certa vez, numa reunião de família, percebi que meu marido estava estranho e observei que ele estava alegre demais.
Ele havia bebido cerveja. Gostou tanto que nunca mais parou.
Ao lado do escritório dele tinha um bar e ele nunca se animou em ir. Primeiro, porque não bebia assim, como os frequentadores e em segundo, sabia o quanto eu era chata nas críticas.
Numa sexta-feira, perto do Natal, ele me liga e diz que iria se atrasar porque estavam fazendo a confraternização no bar.
Não me importei, porque afinal de contas, era Natal.
Na outra semana, na sexta-feira, avisou que estavam fazendo a despedida do ano.
Aquilo começou a me irritar.
Quando retornamos em janeiro, ele me avisou que iam fazer o reencontro no bar.
Eu então perguntei a ele quem estava e ele disse: o Zé mecânico, o João da elétrica, o Roni da loja, o Serginho da contábil e uns outros. Eu respondi:
- Conheço a mulher de todos eles, pois nos encontramos sempre na manicure e sabe o que elas contaram? Que na hora ''H'' é tudo desanimado, se é que você me entende...
Ele gaguejou e disse que era mentira...
Eu ameacei então a mandar pintar uma faixa e pendurar na porta do bar:
- BAR DOS PINTOS CAÍDOS.
Meu marido veio para casa rapidinho e nunca mais frequentou bares...
Por que será, né?
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