MALUCO BELEZA - ( HISTÓRIAS QUE VIVI NUMA SALA DE BATE-PAPO)

Nas andanças da sala de bate papo do TERRA, dos 40 aos 50 anos era uma festa.

Quando chegava as 14 horas, mais ou menos, a turma se reunia. Ia chegando um, depois chegava outro, depois outro, outra, era uma festa. Sabe o que parecia? Parecia que estávamos em um bar, restaurante, lanchonete e que cada vez que um chegava, todos iam até ele e o cumprimentava, escreviam saudações como se estivéssemos ao vivo, nos abraçando virtualmente.

Eu adorava a farra. Tinha uma moça que chegava de salto alto, a outro com baton novo, a outra de bolsa nova, às vezes uma estava mais chateada e a gente conseguia animar, outro chegava todo bravo, xingando o trânsito para chegar na sala. Era tudo muito espontâneo e respeitoso. Quando algum engraçadinho passava do limite, era colocado de lado, bloqueado, achincalhado.

Tinha música, tinha poesia, tinha amizade, tinha desabafos, tinha receitas, indicação para trabalho, tinha até mentiras.

Fiz amizade virtual com um tal de Maluco Beleza. O cara era magnífico. Super gente boa. Fazia poesia fácil. Um dia, eu ainda não sabia que sabia escrever e pedi a ele um poema para o dia das Mães, para apresentar na festinha dos meus alunos. Ele fez. Ficou a coisa mais linda. Depois da leitura, contei às mães quem era o autor e que esse poeta faria aniversário no mesmo mês. Elas se organizaram e depois de juntar o valor, pediram para que eu retribuísse o carinho enviando ao poeta, uma flor. Ele me passou o endereço e a flor foi entregue. A emoção dele escrevendo na sala, sobre este presente foi de encher o coração. Ele disse que o reconhecimento das mães era como se ele tivesse recebido o prêmio máximo de literatura.

A sala inteira parabenizando o poema, fazendo na sala a maior festa.

Foi um momento muito bonito e que eu nunca vou esquecer.

Essa amizade acabou-se depois que adoeci e fiquei anos afastada das redes sociais.

Não sei se hoje eu teria coragem de frequentar uma sala de bate papo, mas na época era muito boa.

Nos próximos capítulos vem por aí o '' alucinado'' e o '' anjo e demônio ''.

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