A tecnologia me ajudou a não morrer de tédio.
Meu primeiro aparelho foi um ''pager'' (também chamado de bipe) que mandava mensagens.
No ano de 1998, comprei meu primeiro celular. Era um aparelho enorme, pesado, com antena e tudo. Era a coisa mais maravilhosa que eu poderia ter. Comprei porque meu filho de 15 anos, estava viajando e poderia me ligar a qualquer momento e esse aparelho me dava mais segurança.
Depois, surgiu o computador que me abriu as portas para um mundo novo.
Nunca fui de sair, ir a boates, frequentar barzinhos e fazer muitas amizades e o computador me fez entrar em contato com um mundo divertido, lindo, onde não havia sofrimentos. Neste mundo todo mundo era feliz.
Primeiro começou com o ICQ, uma espécie de programa que se instalava no computador e conversar com pessoas nas salas de bate-papo. Conheci por intermédio de uma prima que foi morar nos E.U.A. e mantinha contado com a família através da internet. O barulhinho de quando aparecia a mensagem era maravilhoso...
Mais tarde, quando já dominava o teclado, resolvi fazer amizades no TERRA, o provedor que eu pagava, me dava direito a sala de bate-papos gratuitamente.
Muitas amigas me contaram que estavam fazendo amizades nestes grupos e eu resolvi entrar para ver como era.
Era muito legal, tudo separado em grupos de 20 a 30 anos, 30 a 40, e assim por diante e tinha também os grupo dos casados, grupo do sexo, grupo dos gays, etc.
Achei prudente entrar na sala A, grupo dos 40 a 50. Gente, foi hilário!
Eu não sabia que precisava ter um apelido ou nick name e para eu encontrar um nick para mim foi muito difícil.
Até então entrei com meu nome mesmo, já que ninguém sabia se eu usava nome ou nick name.
Olha, foi surpreendente!
Toda tímida, entrei para ver como era, para sentir o clima e comecei a perceber que ali era um emaranhado de gente cheia de perspectivas, expectativas, dúvidas e ansiedade como eu.
Fiquei pouco tempo, pois não me senti a vontade, já que o grupo já estava formado, alguns conversando no particular, outros esperando convite para amizade, outros só ''sapeando''.
Em outro dia, resolvi entrar mais cedo e então descobri um grupo coeso, bacana, muito receptivo.
Encontrei minha turma.
Ali fiz amizade virtual com muita gente, que dura até hoje.
Fui recebida muito bem, as mocinhas de 50 anos eram pessoas maravilhosas, todas cheias de vida, querendo se divertir, se distrair, não estavam ali para outra coisa.
Começava um novo mundo para mim.
Homens e mulheres, a maioria do sul e não é de estranhar, pois o provedor TERRA é da região sul e até hoje, não sei explicar por qual motivo eu fui assinar justamente este provedor.
Começava aí a saga da PoderRosa.
Me descobri como poetisa, como escritora, como amiga, como a mais doce das criaturas, mas o pior estaria por vir...
Descobri o outro lado da moeda, da internet, da vida particular das pessoas que anonimamente confiavam seus mais íntimos segredos à estranhos, já que se escondiam atrás de um nick name.
A primeira decepção que tive foi quando fui chamada em particular por um tal de ''Santos'' . Primeiro o homem se mostrou realmente santo e pediu para que eu abrisse a câmera. Muito idiota, sem experiência neste ramo da internet, abri e levei um susto. O homem estava pelado. Totalmente nú. Eu entrei em desespero e não sabia como tirar aquela imagem da minha frente, apertava tudo quanto era botão e o homem ali, peladão. Até hoje me lembro da cara dele... Nojento! Então puxei a tomada do computador e tudo se desligou. Aprendi a lição . Nunca mais tive coragem de abrir câmeras para ninguém e também nunca mais me permiti ser enganada e passar por um constrangimento desse.
Contei meu desastre às amigas virtuais e li muitos comentários engraçados, outros de advertência e muitos ''kkkk'', já que não tinha outra coisa para opinar.
Mas, tem muita coisa que eu li, muita coisa que fiquei sabendo, muita coisa que vou ainda contar, sem dizer o nick name, é lógico, mas são coisas de arrepiar a alma.
Ainda em tempo, a música Pássaro de Fogo era a mais tocada no nosso gosto musical da época.
Parte II em breve.
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