Minha prima já passou da idade de ficar com meios termos. Sempre foi muito direta e agora com a tenra idade piorou neste aspecto. Não guarda a língua de jeito nenhum. 

Conversando estes dias, me confidenciou algo inusitado: ''Estava cansada de frequentar a casa a mãe, mas reuniões de domingo''.

Disse ela que a mãe era um poço de lamentação, não conseguia ficar sem reclamar. Para ela tudo estava ruim e isso ela já estava cansada de saber e escutar.

Contou que quando ia aos domingos na casa da mãe, era para se encontrar com os irmãos, com os sobrinhos, para ter um momento de confraternização, mas ultimamente sempre acabava em discução.

No último domingo, a mãe a chamou de gorda, disse que precisava de se exercitar e que ela estava horrível com aquela barriga; aquilo a magoou tanto que resolveu ir embora, com a certeza que não voltaria lá tão cedo. 

A mãe era idosa, cheia de problemas de saúde, mas não tinha nenhum traquejo na hora de falar as verdades e então, minha prima confessou que se viu na mãe, sem ter o mínimo de cuidado ao falar com as pessoas.

Pediu desculpas à mim, por ter sido assim tão direta, tão sem modos e disse que se algum dia tivesse me ofendido por falar muito diretamente, era para eu desculpar.

Aceitei as desculpas, aconselhei que pensasse antes de falar, porém acrescentei que ela nunca me ofendeu nem me disse nada que fizesse constranger.

Na verdade, não quis prolongar o assunto, já que sei bem com quem estava lidando.

Talvez Valéria conseguisse controlar a língua a partir do momento que provou do mesmo veneno que sabia usar muito bem. 

Fica a dica: ''Não faça aos outros aquilo que não quer que façam com você.''