Pensando bem, não há fim...
Estive refletindo sobre a vida, sobre a morte.
Todos os dias eu recebo a vida de graça, fluindo feito cachoeira, desaguando na noite, quando adormeço e morro um pouquinho.
Todos os dias, mesmo sabendo disso, não podemos nem imaginar como seria se não fosse a vontade louca que nos faz viver.
De repente a gente acha uma boca gostosa para beijar, ou uma mão suave para segurar.
Aparece um peixe lindo, assado, dourado, com purê de batatas na nossa frente e a gente também não segura.
De repente, uma viagem para uma praia linda, com sol, céu, caipirinha e camarão nos faz também repensar...
Uma saudade, uma vontade de um abraço, uma impetuosa vontade de ouvir uma voz mesmo que pelo telefone também não conseguimos segurar quando aparece.
Ah...mas a noite chega, a gente dorme e morre um pouquinho de novo.
Mas quando amanhece, a vida da gente começa a ter objetivos e a gente lembra de tanta coisa que ainda tem que fazer antes do anoitecer e a gente morrer novamente.
É assim...não tem fim...e quando ela bate na porta e diz: - Vamos, está na hora...Viramos de lado, suspiramos e dizemos:
- Tudo bem, eu vou, mas deixa eu só dizer pra você uma coisa, dona morte! Durante todos os meus dias de vida eu sempre achei que você nunca chegaria.
E ela, toda alegre diz:
- É...te levo agora, mas para você viver em outro lugar.
E você diz:
- O que lá vou encontrar?
- Encontrará todos que partiram, abraçará quem te deixou a maior saudade e terá a oportunidade de ficar perto dos que você deixou aqui, mesmo que invisível. Tá bom pra você...
- Opa...vamos logo que a saudade tá doída demais...
Utopia? Não sei, mas sinceramente...fico por enquanto, só pensando na boca gostosa que quero ainda beijar, na voz que ainda quero escutar, nas viagens, nas comidas, nos abraços...enfim, só penso no lado bom da vida...