O Amor chegou em casa.
Estava tudo vazio.
Apenas um perfume pairava no ar, e ao lado do coração amargurado estava um bilhete, dobrado em quatro, com um coração desenhado e uma flecha que o cortava de fora a fora.
O Amor abriu e leu:

São Paulo, 31 de março de 2010.
                                                                Oi  Amor...

Neste instante estou longe.
Peguei toda as minhas coisas: sonhos, emoções, intenções, desejos, aflições, entusiasmo e outras coisas que você não deu tanta importância .
Deixo contigo apenas o meu perfume.
Saio de cabeça erguida, me despedindo com grande lamento, mas não posso ficar.
Quando mudei pra junto de você, acreditei na amizade que poderia estar trocando.Pensei que poderíamos conviver.
Acreditei que poemas, rimas, versos, músicas, textos, pensamentos, fossem suficientes para nos sustentar.
Até que deu, no início.
Mas eu me esqueci que nem todos tem a mesma expectativa e só um lado contribuir para a manutenção da estrutura não é cabível.
Resolvi então, juntar meus pertences e ir.
Pego o primeiro trem para um destino desconhecido que me levará a algum lugar.
Desejos eu carrego, portanto sei que vou desembarcar na estação da cidade dos sonhos e lá vou realizar os meus.
Fica apenas o meu lamento de não termos entrado em sintonia fina e musicalmente nossos acordes não ficaram harmoniosos.
Sinto o meu coração apertado. Não queria ir, mas preciso de atitude. Foi uma das lições que aprendi com você.
Fica então, o meu carinho apesar de entristecida.
Adeus...

                                                                              Paixão